terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Não seja forte, seja flexível


Esta é uma das frases de que mais gosto, podemos aplicá-la em todas as vertentes da nossa vida e na minha profissão, assenta que nem uma luva. Dizem que pertence à panóplia de frases sábias de Confúcio, o pensador chinês. 

Soltos e firmes. Confuso? 

Às vezes temos a sensação de que para sermos firmes não podemos estar soltos, devemos ser fixos, rígidos. Mas já pensaram que se as pontes fossem rígidas, cairiam? Nós, tal como as pontes, precisamos é de estabilidade.

A estabilidade é o equilíbrio das forças, é termos a tensão necessária para nos sustentar e gerar força para as nossas tarefas; e se a ausência de tensão é fraqueza, o seu excesso é rigidez. 

No nosso corpo, uma pode levar à outra. Tanto um músculo fraco quanto um rígido perdem a sua capacidade de contração, por consequência um músculo fraco pode tornar-se rígido e um rígido certamente se torna fraco. Portanto, para alcançarmos a estabilidade de que precisamos, o alongamento mostra-se tão necessário quanto o fortalecimento.

Arrisco dizer, pela observação na minha prática clínica, que a maioria das dores físicas revelam-se por esta rigidez-fraqueza. Se seguirmos a sensatez de Confúcio, podemos transformar a rigidez-fraqueza em flexibilidade-força.

E assim, pelo tempo que aqui estivermos, permanecermos estáveis como a icónica ponte nortenha.


domingo, 19 de novembro de 2017

A segunda-feira


Quem gosta de segundas-feiras? Eu! Conheço poucas pessoas que gostem muito de segundas-feiras. Se alguém aí gostar deste parente pobre da semana, que se acuse, por favor!

Para mim, a segunda-feira é uma oportunidade. Uma oportunidade de ter uma semana melhor do que a anterior, de trabalhar melhor, de fazer melhores refeições, de fazer o que ficou por fazer, de recomeçar! Será otimismo gostar do dia da Lua?

Pois é, já repararam que em espanhol, francês e italiano, segunda-feira se relaciona com a palavra lua? Lunes, lundi, lunedi. Mesmo nas línguas anglo-saxónicas existe a relação, monday, montag, maandag. Esta denominação tem um significado astrológico, adotado pelos antigos, que se estende aos restantes dias da semana. Mas fiquemos pela Lua ou pela sua influência na segunda-feira.

Fisicamente, a Lua exerce grande influência sobre os fluídos, os que estão dentro e fora do nosso corpo, veja-se como domina as marés. Será por isso que tantos sentem o peso da segunda-feira como se estivessem inchados?

Astrologicamente, a Lua está relacionada com o feminino, com as emoções, a imaginação, a intuição. A segunda-feira parece ser um bom dia para tratarmos de assuntos familiares, para sermos recetivos e acolhermos as necessidades de quem cuidamos, para agirmos com compaixão, como fazem as mães.

Deste ponto de vista começo a perceber a dificuldade com a segunda-feira, quem tem vontade de sair da cama e ir trabalhar quando temos um astro que nos influencia de forma contrária?! Isto para quem considera a astrologia, para muitos a segunda-feira é simplesmente difícil porque o fim-de-semana é mais divertido. Mas às vezes não foi assim tão divertido, não se descansou assim tanto, e assim mesmo a segunda é um cataclismo psicológico.

E quem faz par com a Lua? O Sol! Que nos faz andar para a frente, que nos enche de energia vital, essencial para trabalharmos e realizarmos os nossos projetos, os sonhos que sonhámos com o apoio da Lua. Curiosamente, o Sol influencia o domingo. E a maior parte de nós não trabalha ao domingo. E se trocássemos o calendário semanal? Ficaríamos felizes por recebermos as influências certas para as nossas tarefas ou nada mudaria e o primeiro dia de trabalho seria sempre um sofrimento?

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

O Ioga é egoísta

yogadogz.com

O ioga é só um, mas existem várias formas de o praticar, conheço umas tantas denominações, e já experimentei algumas. Escolhi ficar com o Hatha, por isso só posso falar deste. E este, hoje em dia, é uma prática física, muito física aliás, onde a consciência está obrigatoriamente muito desperta.

Como diz a minha professora, a Cristina, em tom de brincadeira, o ioga é uma prática egoísta, porque só podemos olhar para dentro. E o que é isto de olhar para dentro? É sentir. Só assim, sentindo, podemos fazer ioga sem nos magoarmos, tirando apenas partido do alongamento, do fortalecimento, do ganho de equilíbrio. De sentir aqueles músculos que não havíamos sentido, que se situam tão profundamente dentro de nós que só numa postura muito louca podemos tomar consciência deles. Sentir onde dói, onde ganhamos espaço, a cada respiração.

É claro que esta exigência de concentração não permite a televisão que passa jogos de futebol, notícias ou videoclips atuais, a poposuda de fatiota colada ao corpitxo ou o musculado que se passeia, gingão, de toalha aos ombros. Os amantes de ginásios que me perdoem a caricatura, mas no ioga só se olha para dentro. 

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Nariz entupido? - Dica


Abriu a época do nariz entupido. Seja por este calor excessivo e fora de época, pelos ventos do Outono, ou porque de vez em quando convém eliminarmos os excessos e o sistema respiratório é um dos sistemas através dos quais deitamos muita coisa fora. É bom deitar fora, é sinal da inteligência do nosso corpo. Mas é chato e a paciência não impera por aí.

A maioria de nós, aquando de uma chatice destas, toca a tomar anti-histamínicos, corticoides e afins. Pronto, lá vem esta com as suas teorias anti-remédios. E como é que eu durmo com o nariz tapado? Antes de me acusarem, com alguma legitimidade, de radicalismo na avaliação do papel da indústria farmacêutica nos tempos modernos, leiam até ao fim, por favor.

Entre as lavagens do nariz com água salgada ou os chás que ajudam a purgar os excessos e a manterem-nos hidratados, aqui vai uma dica de fácil aplicação e sem custos.

Experimente inspirar por uma narina e expirar pela outra. Tape a narina mais congestionada com um dedo e comece por inspirar pela narina mais arejada, em seguida tape a narina pela qual inspirou e deite fora o ar pela outra narina, a mais congestionada. A força que o ar tem de fazer para passar vai ajudar a mobilizar as secreções que o impedem de circular.

Faça esta respiração umas dez vezes e de forma pausada, com calma. Não desespere, as narinas podem estar tão tapadas que lhe dá a sensação de que o ar não passa. Vá experimentando, sem entrar em stress, nem psicológico, nem respiratório. À medida que for inspirando e expirando as narinas vão-se destapando e o ar começa a alcançar lugares que não alcançava até então.

Também pode experimentar respirar apenas por uma das suas narinas, inspirando e expirando, pausadamente, pela mesma narina umas dez vezes, e repetindo do outro lado.

Esta dica pode ser aproveitada mesmo quando não tem o nariz entupido. Respirando assim o ar tem tempo para passar por todos os seios peri-nasais, arejá-los e mantê-los mais limpos do muco acumulado. Pode ser também experimentada em caso de dor de cabeça.

Posologia – várias vezes por dia nas fases agudas, uma ou duas vezes por semana o resto do ano.
Composição – toneladas de paciência.
Contra-indicações – não são conhecidas contra-indicações para esta dica.

terça-feira, 26 de setembro de 2017

Um pouco mais das Cadeias Fisiológicas

pinterest.com

A principal crítica que o meu meio profissional faz às Cadeias é o facto de muitas das técnicas propostas não estarem comprovadas pelo método científico. Mas a verdade é que a base do raciocínio em Cadeias está na observação da anatomia. Não naquela observação de o músculo X vai de A para B e faz tal movimento. Baseia-se na relação entre estruturas, nas interfaces que acontecem entre tecidos de diferentes funções, na continuidade dos tecidos.

Costumo fazer a analogia da anatomia com um mapa de uma cidade. Quantas ruas se continuam num mesmo trajeto, apesar de mudarem de nome? Quantas ruas desembocam em praças de onde saem outras quantas ruas? Não se trata de uma continuação de caminhos?

Os tecidos no nosso corpo comportam-se da mesma forma. Continuam-se. Nos músculos é particularmente fácil de se observar esta continuidade.

E também fazem interfaces, importantíssimas para se entender a descrição de uma dor de um paciente. Por exemplo, um ligamento (um tecido que liga um osso a outro osso) pode fazer interface com um músculo, com um tendão, com um nervo, com um vaso sanguíneo, com um órgão.

Para que o movimento ocorra sem dor e sem limitações, estas interfaces têm de estar livres de tensões, aderências, inflamações. Como se estes tecidos deslizassem uns sobre os outros.

A receita base proposta pelas Cadeias é estar de olhos bem abertos para o livro de anatomia, de espírito aberto na observação do paciente e, sobretudo, correlacionar uma coisa com a outra. Para que serve conhecer uma vastíssima colecção de técnicas se não se raciocina sobre o basilar conhecimento do corpo humano?

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

O Verão e o Coração

Um dos órgãos associados ao Verão é o coração e as emoções relacionadas com o coração são o amor, a compaixão, a alegria, é estar de braços abertos para oferecer. É claro que tudo tem dois lados e a outra face destas bonitas emoções é a euforia ou a histeria, e talvez por isso o meu querido Verão esteja associado à expressão silly season.

Embora o calor ainda nos acompanhe, o Verão está a chegar ao fim. Já se nota pela luz ao final da tarde, pelas andorinhas que já começaram a partir para outras geografias, pelas frutas outonais a aparecerem nos mercados. Mas eu gosto tanto do Verão!...não o quero deixar ir embora. Então proponho-me e a quem me queira acompanhar, a levar o amor, a compaixão e a alegria pelo resto do ano.

A minha proposta é fazer isto através do corpo, porque se as emoções nos transformam a postura, o contrário também pode ser verdade. Quando vemos alguém com os ombros rodados para a frente ou o peito encolhido, a primeira impressão que temos é de estarmos perante alguém que está triste, que é reservado, talvez pouco confiante. Pelo contrário, quando vemos alguém que chega de peito aberto, vemos confiança, às vezes até arrogância ou convencimento, tal é a segurança desse ser.

Quando falei do timo tentei mostrar a relação entre a postura, o que é aparente, e a fisiologia, o funcionamento interno. A postura diz muitas coisas sobre nós, e se é difícil sermos precisos quanto às questões subtis da nossa existência, quanto ao funcionamento do nosso corpinho, aí a avaliação da postura é uma excelente ferramenta.

Vamos então abrir o peito, rodar os ombros para trás, dar-lhes amplitude de movimento, criar espaço na caixa torácica para o coração bater livremente, para o timo se expandir, para os pulmões continuarem elásticos, para a porta do estômago não ficar empenada e não surgir a azia. Vamos ter uma boa postura, que é sinal de um bom funcionamento interno, que pode levar a fazer-nos sentir amor, compaixão e alegria.

Se sente necessidade de uma avaliação postural ou de um acompanhamento terapêutico, não hesite em contactar-me.  

sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Os Açores estão na moda


Nunca ouvi tanta gente dizer que vai, que foi ou que pretende lá ir. Escrevem-se artigos relativos às ilhas, revistas importantes dedicam-lhes edições completas, lembrando que são nove, sem esquecer as mais pequenas e longínquas. Juntando as low-cost e o marketing, a verdade é que os continentais estão a redescobrir o arquipélago.

Esta pequena declaração é só sobre a minha ilha, a minha primeira, que é a Terceira.

Na Terceira come-se bom peixe, alcatra e massa sovada, queijos e massa de malagueta, cavacos e lapas, rochedos e donas Amélias.

É uma promessa de águas limpas do oceano para onde nos podemos atirar logo ali e em qualquer lugar. São os tons de verde e azul em fluorescência, que alternam dependendo da vontade do céu.

São as hortênsias, que mais parecem obra divina do que espécie invasora, as araucárias e as criptomérias, tanta beleza prometida. As vaquinhas e os toiros bravos, negros como rochas, serenos como donos e senhores daquelas terras férteis.

São as festas populares que juntam tudo e todos em harmonia humana, como numa terra também prometida.

Talvez o Paraíso seja um lugar assim, ali bem no meio do Atlântico.         

terça-feira, 25 de julho de 2017

To (m)eat or not to (m)eat

Fundação Heinrich Böll

Este texto não quer ser radical, nem determinar que comer carne faz mal, muito menos que quem não come carne é bonzinho e quem come é mau porque não tem pena dos animais. Este texto vai lançar algumas questões sobre o consumo de carne, apenas isso.

Passa-me muitas vezes pela cabeça como um quilo de carne, seja de vaca, de porco ou de uma ave, possa custar o preço que habitualmente custa. Porque para chegar ao talho ou à embalagem do supermercado, aquele bocado de carne já pertenceu a um animal que comeu, bebeu e que levou tempo a crescer, e toda esta produção deve custar muito dinheiro. Então se a produção é cara, como pode o produto final ser tão acessível?

As minhas parcas noções de economia dizem-me que para se vender barato o custo de produção deve ser o mais baixo possível.

A Fundação Heinrich Böll publicou um estudo intitulado Atlas da Carne, no qual mostra números e factos sobre a produção de carne no mundo e levanta uma questão paradoxal sobre a qual todos deveríamos pensar – a produção de carne gera fome. Como assim, produzir um alimento gera fome?

Com a desculpa do crescimento da população mundial criou-se a suposta necessidade do aumento da produção de carne. A produção de carne bovina causa um impacto ambiental tremendo, que vai desde a desflorestação, ao consumo excessivo de água ou ao aumento da produção de gases de efeito estufa.  No caso de animais como o porco ou as aves, o impacto ambiental parece ser de menor grau. Mas as condições de vida destes animais são, muitas vezes, deploráveis, já quase todos vimos imagens dos espaços confinados onde vivem. Para além de muitos destes animais serem alimentados com rações cuja origem é também questionável, a manutenção da produção massiva exige a aplicação de medicamentos, como os antibióticos.

Mais do que pensar se determinado alimento faz bem ou mal, talvez seja mais interessante pensarmos na origem desse alimento, como foi produzido, por que fases passou até chegar ao nosso prato, que impactos ecológicos e económicos a sua produção causou. Também poderá ser interessante consumirmos com maior qualidade em detrimento da quantidade.

Termos esta consciência, da origem e produção dos alimentos, poderá melhorar diretamente a nossa saúde e, como poderão ver no estudo da Fundação Heinrich Böll, ir melhorando vários aspetos de maior escala, tornando o mundo mais justo, mais limpo e mais rico.

Acredito que se cada um de nós fizer um bocadinho, todos juntos dá um bocadão!

quinta-feira, 13 de julho de 2017

Running is for Horses*

edgar-degas.net

Quem me conhece sabe que não acho graça à corrida. Nem pessoal, nem profissional. E também sabe que há anos que digo que correr não faz bem nenhum, principalmente às mulheres, especialmente às mulheres que têm a bacia mais larga, mesmo que magras.

Desenvolvi teorias baseadas na anatomia, no movimento humano, nos programas da BBC ou nas revistas da National Geographic, que mostram aquilo que o Homem andou a fazer ao longo da sua evolução. Teorias que resumiam algum do meu conhecimento com a minha intuição. Sabem quando sabemos algo que não sabemos explicar e nem sequer sabemos como sabemos, mas que sabemos? É confuso, era mais ou menos isso que eu sentia com a corrida.

A minha animosidade com esta atividade ganha tamanho quando vejo pessoas a correrem com os ombros encolhidos, encostados às orelhas, os joelhos instáveis a rodarem para dentro, senhoras com soutiens desapropriados, quando o ar de esforço é demasiado evidente, enfim, uma panóplia de apontamentos que me fazem levar as mãos à cabeça.

Anos depois, já a minha embirração ia longe, a estagiar na Bélgica, o meu mestre estava a tratar um colega nosso que lhe recorria por uma dor qualquer de que não me lembro, dor essa que aparecia precisamente por ser um apaixonado da corrida. Percebi que a discussão sobre correr ou não correr era habitual entre eles e resolvi ficar calada, simplesmente a ouvir e a aprender. Eis que o mestre diz running is for horses!*.

Isto foi música para os meus ouvidos. Se o azimute das minhas ideias já apontava naquela direção, ouvir esta frase de uma pessoa tão sábia, tornou mais consistente a minha convicção.

Como acredito que só não muda de ideias quem não as tem, que só não muda de paradigma quem é casmurro e que a distância entre a casmurrice e a burrice é curta, hoje em dia, vejo a corrida com menos radicalismo.

Não estou a dizer que correr faz bem, nem para calçarem os ténis e soltarem os cavalos. O que quero dizer é que se gosta de correr, se isso lhe dá um imenso prazer, então, corra.

Mas fique atento às suas predisposições posturais, aos músculos que são naturalmente menos flexíveis no seu corpo, à bacia, aos joelhos, aos ombros, ao apoio que os seus pés fazem no chão. Porque todas estas questões posturais se exacerbam quando corre.

Não as tente corrigir quando estiver na sua corrida, nesse momento deverá ter a consciência postural relaxada. Fora das horas dedicadas à corrida tente alongar-se e fortalecer-se profundamente, para poder correr livremente, sem dores nem maleitas daí decorrentes.

E se correr for para cavalos, pelo menos o cavalo é um animal bonito e de qualidades reconhecidas.

terça-feira, 4 de julho de 2017

O Ioga é parado

yogadogz.com

Acho graça quando me dizem que o ioga é parado. Eu gosto é de me mexer rapidamente, de máquinas, música alta, isso do ioga é muito parado para mim, mais os mantras e os chakras, nem pensar! Quando oiço este tipo de comentário, penso, e às vezes até o digo, que talvez precisem mais de uma prática parada do que imaginam.

Bom, ficar três ou cinco respirações numa mesma postura, é de facto, parado, mas não é uma seca!

Só ficando algum tempo numa determinada postura é que podemos ganhar flexibilidade, é que conseguimos fortalecer profundamente a musculatura e tudo isto de forma consciente. Só assim podemos sentir verdadeiramente o nosso corpo e as suas limitações, entender algumas das tensões e dores que sentimos no dia-a-dia e aprender a geri-las.

As coisas feitas devagar são, geralmente, mais difíceis de executar. No ioga usa-se o tempo a nosso favor e afinal, já diz o Caetano, o tempo é um dos deuses mais lindos. 

quinta-feira, 8 de junho de 2017

Essa é muito antiga...

meadowarts.org

Uma cicatriz por mais antiga e impercetível que seja é sempre um ponto de tensão no corpo. Devemos sempre lembrar que a cicatriz superficial tem camadas mais ou menos profundas, dependendo da estrutura que foi operada, e que estas são também pontos de tensão. 

O nosso corpo, por ser muito inteligente, tende a proteger a zona que foi operada, tende a fechar-se sobre esse ponto. Por exemplo, uma cicatriz na zona do esterno por uma cirurgia cardíaca, a tendência será o peito fechar-se em si mesmo, os ombros a rodarem para a frente, a dorsal a curvar. Outro exemplo, a cicatriz de uma cesariana, pequenina, pequenina, impercetível, uma proteção provável poderá ser a bacia começar a fechar-se, os fémures a rodarem para dentro, a lombar exacerbando ou retificando a sua curvatura normal.

Estes são exemplos óbvios de cirurgias óbvias. E as cirurgias menos óbvias, cuja cicatriz parece ter um resultado inócuo? Como a de uma hérnia inguinal, ou da apendicite da infância ou ainda a invisível cicatriz de um cateterismo?

As camadas de tecidos devem deslizar umas sobre as outras, para que o movimento não fique comprometido, para que a tendência protetora sobre a cicatriz não passe disso mesmo, e não se transforme num emaranhado de tensões, aderências e fixações nesse ponto ou nas estruturas adjacentes.

Quantos pacientes chegam com uma dor na anca, no joelho, no fundo das costas, ou no ombro, na cervical, e quantos, não coincidentemente, têm cicatrizes destas, impercetíveis e antigas? Quantas vezes numa geografia anatómica aparentemente distante da região onde têm a dor que os trouxe até à Fisioterapia?

quarta-feira, 31 de maio de 2017

Anúncio de Verão

tudosobreplantas.com

O início da Primavera traduz a verdadeira força da natureza. As plantas emergem da terra, contrariando a força da gravidade, e crescem impulsivamente em direção ao céu, aguentando o frio das noites e das manhãs e aproveitando sabiamente o calor do dia.

Mas a Primavera avançada, mais branda e suave, tem outro encanto. Os cheiros que começam a surgir, sobretudo ao final da tarde e à noite, as flores que brotam e tornam tudo mais colorido. Por entre os capins abandonados de beira de estrada brilham florzinhas selvagens amarelas, brancas ou roxas, os loureiros sobem na vida e passam de arbusto despercebido a senhores floridos e tudo isto torna mais simpático o ficar parado no trânsito.

De todas as maravilhas naturais da fase tardia da Primavera, há uma que me tira o folego! O jacarandá.

Fico ansiosa para que floresçam. Aquele roxo-lilás muito vibrante que enche avenidas e ruas inteiras ou aqui e ali pela cidade, entre outras árvores, muito vivo, alegre e vaidoso. Alguns são tão bojudos que nem lhes distinguimos os ramos por entre tantas flores. São maravilhosos! Perco-me a olhá-los e todos os anos me espanto como se fosse a primeira vez que vejo tal coisa.

As flores do jacarandá costumam chegar em Maio e dão sinal de que vem aí a estação quente. Como é bom um anúncio de Verão!

Até o nome é engraçado, jacarandá. Parece nome de brincadeira, ou de fruta tropical ou mesmo de bicho divertido.

quarta-feira, 24 de maio de 2017

As Cadeias Fisiológicas ou o Método Busquet

method-busquet.com

O método Busquet foi criado pelo fisioterapeuta e osteopata francês Leopold Busquet. Segundo o próprio Leopold as Cadeias representam uma leitura anatómica e fisiológica do corpo humano e por isso, não são nem uma teoria, nem uma filosofia. São circuitos anatómicos através dos quais o corpo humano se organiza.

Levou anos a estudar, a tentar compreender o dinamismo do corpo humano, foi-se juntando a outros terapeutas dispostos a estudar e criar com ele o método. Tornou-o de simples compreensão, ressuscitou a avaliação do paciente da cabeça aos pés, criou um método global, que vê o todo relacionando as partes entre si.

A sua grande mais valia foi ter conseguido relacionar o sistema músculo-esquelético e o sistema visceral, relação chamada de contentor-conteúdo. O sistema músculo-esquelético, o contentor, adapta-se às necessidades do sistema visceral, o conteúdo.

Ter estudado as cadeias foi quase como tirar um novo curso de Fisioterapia. Quer isto dizer que o curso que tirei, no Alcoitão, foi muito bom, muito completo e exigente, e não o contrário. Mas quando acabamos um curso não temos grandes dúvidas, apesar de não sabermos quase nada. As dúvidas surgem quando passamos à prática, quando começamos a questionar o que vamos observando e sentindo, quando surge o pensamento. Por isso, no meu caso, fez sentido fazer as Cadeias quando as dúvidas não podiam mais calar.

Ao longo do curso fui tendo a sensação de que muitas eram respondidas. Algumas eram intuitivas, outras partiam da falta de sentido que encontrava entre o que os pacientes me diziam sentir e o que eu, com o conhecimento que tinha até então, lhes podia responder. Eu sabia que faltava qualquer coisa ao meu raciocínio clínico e que essa falta não seria colmatada no meu estudo solitário.

Quer dizer que já sei tudo e que resolvo qualquer situação a qualquer pessoa, qual salvadora da pátria? Não. Durante uns tempos parece que temos resposta para tudo e depois, quando o conhecimento começa a assentar, surgem logo novas questões. Porque é a eterna insatisfação saudável que nos faz procurar saber sempre um pouco mais.


quinta-feira, 18 de maio de 2017

Amanpour

Noutro dia, em conversa a propósito das eleições francesas, o meu interlocutor e amigo perguntou-me onde tinha ido buscar as notícias de que lhe falava. E respondi-lhe, com a naturalidade de quem já se considera íntima da senhora, na Amanpour. A Christiane Amanpour, para quem não conhece, é uma jornalista da CNN, que tem um programa diário sobre assuntos internacionais.

Sou uma profunda admiradora do seu trabalho, no entanto, admito que comecei a vê-la por ser parecida com a minha Mãe. O ar exótico, os olhinhos pretos, brilhantes, vivaços. É incisiva, certeira e incansável até que se sinta satisfeita com o nível de informação recolhida do seu entrevistado.

Não teve um percurso facilitado dentro do ramo, em parte por ser filha de pai iraniano, por não ter nem sotaque norte-americano, nem suficientemente britânico. Teve, finalmente, o seu mérito reconhecido quando fez uma grande reportagem sobre o Irão, onde viveu na infância.  

O programa é composto por três entrevistas e uma curtíssima rúbrica final. O mais fascinante no seu trabalho é a profundidade com que trata os assuntos, que muito se deve à escolha dos entrevistados, parece escolher sempre a pessoa certa para dissecar determinado tema, que podem ser presidentes, primeiros-ministros, embaixadores, professores universitários, enfim, gente entendida. O facto de o canal ter excelentes correspondentes pelo mundo todo, e que muitas vezes reportam dos cenários mais inóspitos da atualidade, também enriquece o programa, criando uma ponte mais realista entre o estúdio de gravação e o terreno. Fica-se sempre a conhecer mais um pouco depois de vermos esta jornalista rigorosa e destemida.

A rúbrica final do programa chama-se Imagine a World, trata de algo positivo e inspirador, muitas vezes inusitado, que esteja a acontecer no mundo. Esta forma de fechar o programa, que na maioria das vezes aborda temas tensos, mostra a inteligência e a sensibilidade de quem põe a sua alma na matéria que produz.

Podemos vê-la de segunda a sexta ou ouvi-la em podcast, se vos interessar, espreitem aqui.

segunda-feira, 8 de maio de 2017

Subir Escadas - Desafio

atdreamstate.wordpress

No início do ano, quase todos os anos, faço uma lista de objetivos e vontades a cumprir. Quase todos os anos essa lista desaparece, normalmente fica escondida num livro que estou a ler, ou no meio daquela papelada indiferenciada que se acumula e acaba no lixo. Conclusão, nem sempre cumpro os pontos de menor grau de importância que listei.

Um dos meus pontos listados para 2017 tem a ver com subir escadas.

Defini optar por subir as escadas em vez de ir pelo elevador. Como gosto de objetivos realistas, defini também que a brincadeira estaria a valer até aos três andares. Claro que se estiver para aí virada, posso subir mais do que três andares, mas como objetivo, três pareceu-me um bom número.

Porque considero a vida uma bênção e não um castigo, a definição desta regra teve algumas prerrogativas – em caso de cansaço extremo, de horários irregulares, ou seja, chegar a casa a altas horas e/ou de estar muito carregada com sacos de compras e afins – posso optar pelo elevador.

O melhor de tudo é que tenho cumprido de tal forma, que já lá vão cinco meses do ano e o que era um objetivo passou a ser um hábito.

E gostava de vos lançar a escada do desafio! Toca a dar às perninhas e upa! 

Quem aceita?
(Caso aceite o desafio, crie as suas próprias exceções à regra).

segunda-feira, 1 de maio de 2017

Heartbeat, o pão que faz bater o coração

A Inês faz pão! O pão da Inês é muito saboroso, é saudável e feito em casa. É feito com a intenção que devemos colocar em tudo o que fazemos, amor e dedicação, e por isso, eu acho que para além de consumirmos a matéria sã de que é feita este pão, também consumimos o amor que lhe é depositado. Só pode fazer-nos bem!

No vídeo abaixo, falámos um bocadinho sobre a Heartbeat, o que é, como e porquê que a Inês chegou até aqui.

Para ir à Heartbeat e encomendar pães e outras delícias é só aceder a qualquer umas destas plataformas:


quarta-feira, 26 de abril de 2017

O Ioga é para sempre

yogadogz.com

Já pratico ioga há três anos e não será arriscado dizer que pretendo fazê-lo para o resto da minha vida. Mais ou menos como se o ioga me tivesse pedido em casamento e eu tivesse dito, sim!

Vamos ganhando força e flexibilidade, as posturas vão sendo mais acessíveis, mas há sempre algo mais a alcançar, algo a descobrir no nosso corpo. Por isso, podemos praticá-lo para sempre, a postura impossível de ontem, é a possível e dolorosa de hoje, a possível e confortável de amanhã, e assim se continua no tempo, na descoberta de novos limites do corpo, que são os de cada um e os de cada dia.

Sim, os de cada dia, porque o corpo é dinâmico e se em alguns dias a aula flui e até parece fácil, noutros, as mesmas sequências podem ser desesperadamente difíceis. Mais ou menos como tudo o que é para sempre.

quinta-feira, 20 de abril de 2017

A Importância dos Dedos dos Pés - Dica

No último post falei da utilização de saltos altos, um texto mais direcionado para as mulheres. Este é para toda a gente, mulheres e homens, mais novos e mais entradotes, que usem saltos ou não.
Há várias partes do nosso corpo que esquecemos, uma delas são os dedos dos pés. Apesar de ser terapeuta há uns anos, só quando estudei as Cadeias Fisiológicas é que me apercebi da importância dos dedos dos pés. Dos dedos dos pés dos meus pacientes, porque da importância dos meus dedos dos pés, só me apercebi verdadeiramente depois de ter começado a praticar ioga.
Os dedos dos pés vivem apertados dentro de sapatos, mesmo nos sapatos confortáveis e espaçosos, e esta falta de espaço constante fá-los viverem coladinhos, quase como siameses. Alguns podem perguntar e para que servem os dedos dos pés? Tornam o apoio dos pés mais rico, dão-nos maior habilidade em equilibrarmo-nos, um andar mais correcto, por exemplo.
Consegue afastar os seus dedos dos pés uns dos outros? Se sim, pode continuar a ler e apostar na dica que se segue. Senão, este post é feito para si!
Experimente entrelaçar cada dedo da mão entre cada dedo do pé, da mesma forma como entrelaçamos os dedos das mãos uma na outra. No princípio, pode ser doloroso e difícil, pode sentir muita pressão dos dedos dos pés contra os das mãos, ou até mesmo a sensação de que a pele vai estalar. Não desista, à medida que for praticando será cada vez mais fácil e menos doloroso.



Pode fazer num pé de cada vez ou os dois ao mesmo tempo. Tente manter esta posição durante um minuto.

Este exercício pode ser altamente benéfico para quem sente dormências nos dedos ou nas almofadinhas do pé, para quem sofre de joanetes ou alguma vez partiu um qualquer dedo do pé, ainda que o dedo pequenino.
Fique em pé, sinta os seus pés, o apoio que fazem no chão. Faça o exercício/dica e depois fique novamente em pé. Sinta as diferenças do antes e depois.
Partilhe nos comentários o que sentiu ao experimentar esta dica e não hesite em esclarecer qualquer dúvida que possa ter. Parta à descoberta dos seus pés

segunda-feira, 17 de abril de 2017

Hoy ha calzado tacones para hacer sonar sus pasos*

Imagem do Pinterest

Sempre achei impressionante como tantas mulheres conseguem andar em cima de uns quantos centímetros, às vezes fininhos e instáveis, pela traiçoeira calçada portuguesa, rua acima, rua abaixo. Torna-se verdadeiramente incrível quando o fazem elegantemente!

Por curiosidade fiz uma ligeira pesquisa sobre a origem dos saltos altos. Apesar de não se saber exatamente quando e onde surgiram, os saltos não foram sempre exclusivos da mulher e, no início, eram usados com propósitos utilitários pouco glamourosos. O enorme sucesso estético parece ter acontecido, também entre os homens, nas cortes gaulesas. E eram de tal forma associados a poder e privilégio social, que deixaram de ser tendência após a Revolução Francesa.

Aprecio esteticamente sapatos de saltos altos, muito mais nas outras do que em mim, por isso confesso que me encho de alegria quando vejo desfiles de Alta Costura de marcas como a Valentino ou a Dior, do princípio ao fim com sapatos rasos, sim, vestidos de princesa com sapatos rasos!

Voltando aos saltos altos, porque é que tantas mulheres gostam de os usar?

Fiz esta pergunta a algumas amigas e pacientes, que se movimentam em cima dos saltos em total mestria, e todas responderam que se sentiam mais elegantes. Quase todas disseram que os saltos altos as faziam sentir-se mais confiantes, seguras e decididas. Por isso, o título do post, retirado de uma música da nuestra hermana Bebe (*Ella, do álbum Pafuera Telarañas).

O que acontece quando se sobe uns centímetros em cima dos saltos? O centro de gravidade altera-se para cima e para a frente e isso obriga a reajustes posturais, quanto mais altos forem os saltos, maior o reajuste. Esta alteração pode fazer aumentar a curvatura lombar, evidenciando as curvas femininas. Talvez por isto, os saltos altos estejam muitas vezes associados à sensualidade. Para algumas mulheres este aumento da curvatura lombar até pode ser benéfico.

Estar em cima de saltos altos é mais ou menos a mesma coisa do que estar na ponta dos pés, porque dependendo da altura dos saltos, pode ser quase impossível ter apoio nos calcanhares. O peso fica maioritariamente nas almofadinhas dos pés e nos dedos e esta posição pode fazer acentuar o joanete, que tem um nome técnico engraçado, hallux valgus. Na minha visão, os joanetes não aparecem pela utilização de saltos altos, mas para quem já tem tendência para esta deformidade articular, de facto, a posição em que dedo grande fica não é favorável.

Para os músculos da barriga da perna e para o tendão de Aquiles, a tarefa também é exigente, uma vez que ficam permanentemente ativos e podem perder alguma flexibilidade. É por isso que algumas mulheres que usam predominantemente saltos altos, têm dificuldade em usar sapatos rasos, os gémeos estão tão encurtados que ter os calcanhares apoiados no chão pode ser o suficiente para os alongar e consequentemente causar dor.

E todas estas tensões/alterações fazem mal? Podia perder-me a escrever sobre as possíveis condições que podem surgir do uso de saltos altos, todas as “ites” e “algias” de que tanto se fala. Prefiro dizer que usar saltos altos faz tanto mal como qualquer postura/posição que mantenhamos por muito tempo, como estarmos sentados. O ideal é contrariarmos as posturas mais predominantes do nosso dia-a-dia, mantermos o equilíbrio das forças no corpo e diminuirmos as tensões acumuladas e que se exacerbam em determinadas estruturas.

Quer seja mulher ou homem, de saltos ou de rasos, não perca uma dica para ter pés saudáveis, já no próximo post!

segunda-feira, 10 de abril de 2017

Timo, o discreto

O timo é uma glândula do sistema endócrino, como a tiróide, mas é como aquele colega que trabalha discretamente no canto da sala, tão dedicado e competente quanto os outros, tão sossegado que se apequena e ninguém lhe presta a atenção merecida e necessária.

E onde fica? Entre os pulmões e atrás do esterno, o fiel escudeiro do coração. Foi-lhe prestada pouca atenção porque o timo vai diminuindo o seu tamanho quando nos tornamos adultos e, por ter a capacidade de aumentar quando estamos contentes e de encolher quando estamos tristes ou doentes. Como muito do avanço da Medicina ao longo dos tempos foi feito através de autópsias, o timo foi passando despercebido, ou porque os seres autopsiados tinham muita idade, ou estavam doentes, ou andavam tristonhos com a vida.

Mesmo encolhendo na vida adulta, o timo mantém-se perfeitamente activo e tem um papel fundamental na imunidade. É muito sensível a qualquer alteração e rápido a enviar soldadinhos prontos a atacar, em caso de invasão bacteriana ou viral. Também é particularmente sensível a imagens, cheiros, sabores, toques, sons, pensamentos e palavras. E se estes não forem positivos, o timo enfraquece, criando a oportunidade de aparecerem aquelas chatices típicas de quando estamos com as defesas em baixo, como os resfriados ou o herpes, por exemplo.

Como terapeuta, mesmo fora do trabalho, dou por mim, inevitavelmente, a observar as posturas e daí parto para raciocínios clínicos, para a criação de hipóteses, imagino as possíveis dores ou tensões, a má-digestão, a ira ou a tristeza contida, aquilo que o corpo físico deixa transparecer, sem filtro, sem a vergonha de que a mente sofre. 

E quando vejo peitos tão fechadinhos, em que os esternos se afundam, formando um autêntico buraco, onde pode caber uma bola de ténis…ou os esternos tão pronunciados que parecem armaduras defensivas, rígidos, inflexíveis…ou as curvas dorsais muitos acentuadas, a famosa marreca, os ombros rodados para a frente, que fecham o peito e retiram espaço às estruturas lá contidas, ponho-me a imaginar coisas…uma delas é precisamente como andará o timo, apertadinho, apertadinho, preso num caixa torácica rija, sem espaço, mirrado.

Despertou em si a correlação que existe entre a postura e as funções orgânicas? Alguma destas descrições posturais mostra-se-lhe familiar? Então, está na hora de lhe dedicar atenção. Melhorando a postura podemos melhorar a actividade desta preciosa glândula, abrindo o peito, rodando os ombros para trás, criando espaço. Com exercício físico ou com a ajuda de um entendido na matéria. 


Imagem de belos-passaros.blogspot.pt

A vibração também parece ser muito positiva para o timo, há quem sugira umas pancadinhas com os nós dos dedos no esterno ou imagine-se, cantarmos! Gosto particularmente desta sugestão, bem ou mal, levo os dias a cantarolar. Soltem-se os rouxinóis e aproveite-se a Primavera!





quarta-feira, 5 de abril de 2017

O Maravilhoso Mundo da Água

A água é um dos elementos naturais a que mais dou valor. Não só pelo valor óbvio que tem para a existência humana, pelas questões ecológicas ou geo-políticas. Talvez seja uma ligação mais embrionária, porque nasci numa ilha, ou cultural, porque moro numa cidade onde o rio e o mar são cenário constante. Chega a ser tema de piada familiar, por dizerem que curo gripes e afins apenas com água. Ou entre amigas, pelas inúmeras vezes que perguntava, em miúda, na praia, ‘quem quer ir ao banho?’.

Então, lembrei-me de começar pela água e de trazer a história científico-artística de um pensador e pesquisador japonês, Masaru Emoto, e as suas descobertas no maravilhoso mundo da água.
O prodigioso Emoto teve a ideia de congelar água e ver o resultado do congelamento ao microscópio, esperando encontrar algo parecido com os cristais de neve. E o que este senhor e a sua equipa descobriram foi que a água congelada de rios e lagos afastados do desenvolvimento industrial e urbano, formavam belíssimos cristais, de uma definição perfeita e sempre diferentes uns dos outros. Por outro lado, a água congelada de rios e lagos perto de cidades grandes, formaram cristais indefinidos, de formas estranhas, feios.

Bem, até aqui a alteração da estrutura molecular da água, com possível origem na poluição, não causa grande espanto, nem ao maior dos cépticos. Mas Emoto não ficou por aqui e resolveu observar os resultados do congelamento de água exposta a estímulos positivos e negativos, tais como, palavras, imagens, música e orações. E os resultados são absolutamente extraordinários!

Vejam no vídeo alguns dos resultados.



Existem quatro volumes intitulados Messages from Water, onde Emoto publicou uma vastíssima coleção de fotografias de cristais vistos ao microscópio. O seu livro The Hidden Messages in Water foi best seller do New York Times e se quiserem, podem saber mais sobre a sua biografia e pesquisas, aqui.


Como mostra o vídeo e já todos sabemos, a água é o nosso componente maioritário, será razoável admitirmos que estas alterações podem acontecer em nós? Será que partindo dos estudos de Emoto, não deveríamos parar um pouco para pensar o que andamos a fazer ao nosso corpo? Até onde o que sentimos, o que pensamos, o que dizemos, o que ouvimos, todos os estímulos à nossa volta, influenciam a nossa estrutura molecular? Se por brincadeira, colocássemos a hipótese de nos congelarmos, queríamos ser formados por manchas indefinidas e sem graça ou por lindos e bem definidos cristais? Eu gostaria de ser um cristal e vocês?






segunda-feira, 3 de abril de 2017

Um blog?



Eu?! Mas eu nem sequer tenho Facebook, quanto mais expor-me assim num blog? E ela, astutamente, disse que eu tinha sempre coisas para contar, que o facto de gostar de tantas coisas aparentemente desligadas umas das outras, era o suficiente para construir um blog.
A resistência, tentando dominar a vontade, lá continuou, mas as pessoas querem imagens, coisas instantâneas e fantásticas, ninguém tem paciência para ler. E mais uma vez, inteligente e sensível, disse, faz um blog como se fosse só para ti, onde te possas expressar livremente sobre o que te apetecer.
E aqui estou eu, na rede.
Por ser fisioterapeuta, a saúde tem um papel principal nos meus interesses, mas o Alma na Matéria quer ser mais do que um blog de saúde, quer também falar de temas que me inspirem, que me agitem o pensamento ou que possam trazer algo de novo e útil a quem lê.
Espero que gostem, que sigam e que participem!