segunda-feira, 10 de abril de 2017

Timo, o discreto

O timo é uma glândula do sistema endócrino, como a tiróide, mas é como aquele colega que trabalha discretamente no canto da sala, tão dedicado e competente quanto os outros, tão sossegado que se apequena e ninguém lhe presta a atenção merecida e necessária.

E onde fica? Entre os pulmões e atrás do esterno, o fiel escudeiro do coração. Foi-lhe prestada pouca atenção porque o timo vai diminuindo o seu tamanho quando nos tornamos adultos e, por ter a capacidade de aumentar quando estamos contentes e de encolher quando estamos tristes ou doentes. Como muito do avanço da Medicina ao longo dos tempos foi feito através de autópsias, o timo foi passando despercebido, ou porque os seres autopsiados tinham muita idade, ou estavam doentes, ou andavam tristonhos com a vida.

Mesmo encolhendo na vida adulta, o timo mantém-se perfeitamente activo e tem um papel fundamental na imunidade. É muito sensível a qualquer alteração e rápido a enviar soldadinhos prontos a atacar, em caso de invasão bacteriana ou viral. Também é particularmente sensível a imagens, cheiros, sabores, toques, sons, pensamentos e palavras. E se estes não forem positivos, o timo enfraquece, criando a oportunidade de aparecerem aquelas chatices típicas de quando estamos com as defesas em baixo, como os resfriados ou o herpes, por exemplo.

Como terapeuta, mesmo fora do trabalho, dou por mim, inevitavelmente, a observar as posturas e daí parto para raciocínios clínicos, para a criação de hipóteses, imagino as possíveis dores ou tensões, a má-digestão, a ira ou a tristeza contida, aquilo que o corpo físico deixa transparecer, sem filtro, sem a vergonha de que a mente sofre. 

E quando vejo peitos tão fechadinhos, em que os esternos se afundam, formando um autêntico buraco, onde pode caber uma bola de ténis…ou os esternos tão pronunciados que parecem armaduras defensivas, rígidos, inflexíveis…ou as curvas dorsais muitos acentuadas, a famosa marreca, os ombros rodados para a frente, que fecham o peito e retiram espaço às estruturas lá contidas, ponho-me a imaginar coisas…uma delas é precisamente como andará o timo, apertadinho, apertadinho, preso num caixa torácica rija, sem espaço, mirrado.

Despertou em si a correlação que existe entre a postura e as funções orgânicas? Alguma destas descrições posturais mostra-se-lhe familiar? Então, está na hora de lhe dedicar atenção. Melhorando a postura podemos melhorar a actividade desta preciosa glândula, abrindo o peito, rodando os ombros para trás, criando espaço. Com exercício físico ou com a ajuda de um entendido na matéria. 


Imagem de belos-passaros.blogspot.pt

A vibração também parece ser muito positiva para o timo, há quem sugira umas pancadinhas com os nós dos dedos no esterno ou imagine-se, cantarmos! Gosto particularmente desta sugestão, bem ou mal, levo os dias a cantarolar. Soltem-se os rouxinóis e aproveite-se a Primavera!





3 comentários:

  1. Muito bem descrito e escrito! Gostei, continua, sempre!

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  2. Outro artigo muito útil, que nos vem alertar para a existência de defesas esquecidas.
    Aquela tua sugestão de cantar está, afinal, consagrada na dita sabedoria popular com o dito 'Quem canta seus males espanta'.
    Obrigado.

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  3. Obrigada, tio. Uma amiga lembrou-me do Tarzan, fazia dois em um, gritava enquanto dava umas pancadinhas no peito.

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