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Quem me conhece sabe que não acho
graça à corrida. Nem pessoal, nem profissional. E também sabe que há anos que
digo que correr não faz bem nenhum, principalmente às mulheres, especialmente
às mulheres que têm a bacia mais larga, mesmo que magras.
Desenvolvi teorias baseadas na
anatomia, no movimento humano, nos programas da BBC ou nas revistas da National
Geographic, que mostram aquilo que o Homem andou a fazer ao longo da sua
evolução. Teorias que resumiam algum do meu conhecimento com a minha intuição.
Sabem quando sabemos algo que não sabemos explicar e nem sequer sabemos como
sabemos, mas que sabemos? É confuso, era mais ou menos isso que eu sentia com a
corrida.
A minha animosidade com esta
atividade ganha tamanho quando vejo pessoas a correrem com os ombros
encolhidos, encostados às orelhas, os joelhos instáveis a rodarem para dentro,
senhoras com soutiens desapropriados, quando o ar de esforço é demasiado
evidente, enfim, uma panóplia de apontamentos que me fazem levar as mãos à
cabeça.
Anos depois,
já a minha embirração ia longe, a estagiar na Bélgica, o meu mestre estava a
tratar um colega nosso que lhe recorria por uma dor qualquer de que não me
lembro, dor essa que aparecia precisamente por ser um apaixonado da corrida. Percebi
que a discussão sobre correr ou não correr era habitual entre eles e resolvi
ficar calada, simplesmente a ouvir e a aprender. Eis que o mestre diz running is for horses!*.
Isto foi música para os meus
ouvidos. Se o azimute das minhas ideias já apontava naquela direção, ouvir esta
frase de uma pessoa tão sábia, tornou mais consistente a minha convicção.
Como acredito que só não muda de
ideias quem não as tem, que só não muda de paradigma quem é casmurro e que a
distância entre a casmurrice e a burrice é curta, hoje em dia, vejo a corrida
com menos radicalismo.
Não estou a dizer que correr faz
bem, nem para calçarem os ténis e soltarem os cavalos. O que quero dizer é que
se gosta de correr, se isso lhe dá um imenso prazer, então, corra.
Mas fique atento às suas
predisposições posturais, aos músculos que são naturalmente menos flexíveis no
seu corpo, à bacia, aos joelhos, aos ombros, ao apoio que os seus pés fazem no
chão. Porque todas estas questões posturais se exacerbam quando corre.
Não as tente corrigir quando estiver
na sua corrida, nesse momento deverá ter a consciência postural relaxada. Fora das
horas dedicadas à corrida tente alongar-se e fortalecer-se profundamente, para
poder correr livremente, sem dores nem maleitas daí decorrentes.
E se correr for para cavalos,
pelo menos o cavalo é um animal bonito e de qualidades reconhecidas.
Adorei o texto, se bem que já conhecia a tua teoria e quanto ao quadro de Degas, não poderias ter escolhido melhor! Beijo
ResponderEliminarObrigada, Mummy! Tinha a certeza de que o Degas seria apreciado :-)
EliminarMuito interessante. Aqui por onde passeio, costumo ver 'corredores' com posturas que me desatam o riso.
ResponderEliminarAplicam-se estas teorias à 'marcha' - disciplina olímpica?
Hajasaude e abrinhos
Querido tio, a marcha olímpica é uma das actividades desportivas que me custam a entender. Arrisco a dizer que o movimento é pouco natural, ainda menos que a corrida, e imagino que a região lombar e as ancas sejam as principais sofredoras de tal actividade. Na dúvida, não marcharia.
EliminarBeijinhos
É por estas e por outras que eu não corro! Mas gostei muito do texto :)
ResponderEliminarConstança Moctezuma,
Eliminarnão sei porquê não aparece o meu nome.
Obrigada! Temos uma tendência para outras actividades desportivas, mas no blog tão dedicado à saúde não as podemos revelar ;-)
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