quinta-feira, 8 de junho de 2017

Essa é muito antiga...

meadowarts.org

Uma cicatriz por mais antiga e impercetível que seja é sempre um ponto de tensão no corpo. Devemos sempre lembrar que a cicatriz superficial tem camadas mais ou menos profundas, dependendo da estrutura que foi operada, e que estas são também pontos de tensão. 

O nosso corpo, por ser muito inteligente, tende a proteger a zona que foi operada, tende a fechar-se sobre esse ponto. Por exemplo, uma cicatriz na zona do esterno por uma cirurgia cardíaca, a tendência será o peito fechar-se em si mesmo, os ombros a rodarem para a frente, a dorsal a curvar. Outro exemplo, a cicatriz de uma cesariana, pequenina, pequenina, impercetível, uma proteção provável poderá ser a bacia começar a fechar-se, os fémures a rodarem para dentro, a lombar exacerbando ou retificando a sua curvatura normal.

Estes são exemplos óbvios de cirurgias óbvias. E as cirurgias menos óbvias, cuja cicatriz parece ter um resultado inócuo? Como a de uma hérnia inguinal, ou da apendicite da infância ou ainda a invisível cicatriz de um cateterismo?

As camadas de tecidos devem deslizar umas sobre as outras, para que o movimento não fique comprometido, para que a tendência protetora sobre a cicatriz não passe disso mesmo, e não se transforme num emaranhado de tensões, aderências e fixações nesse ponto ou nas estruturas adjacentes.

Quantos pacientes chegam com uma dor na anca, no joelho, no fundo das costas, ou no ombro, na cervical, e quantos, não coincidentemente, têm cicatrizes destas, impercetíveis e antigas? Quantas vezes numa geografia anatómica aparentemente distante da região onde têm a dor que os trouxe até à Fisioterapia?