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Uma cicatriz por mais antiga e
impercetível que seja é sempre um ponto de tensão no corpo. Devemos sempre
lembrar que a cicatriz superficial tem camadas mais ou menos profundas,
dependendo da estrutura que foi operada, e que estas são também pontos de
tensão.
O nosso corpo, por ser muito
inteligente, tende a proteger a zona que foi operada, tende a fechar-se sobre
esse ponto. Por exemplo, uma cicatriz na zona do esterno por uma cirurgia cardíaca,
a tendência será o peito fechar-se em si mesmo, os ombros a rodarem para a frente,
a dorsal a curvar. Outro exemplo, a cicatriz de uma cesariana, pequenina,
pequenina, impercetível, uma proteção provável poderá ser a bacia começar a
fechar-se, os fémures a rodarem para dentro, a lombar exacerbando ou
retificando a sua curvatura normal.
Estes são exemplos óbvios de
cirurgias óbvias. E as cirurgias menos óbvias, cuja cicatriz parece ter um
resultado inócuo? Como a de uma hérnia inguinal, ou da apendicite da infância
ou ainda a invisível cicatriz de um cateterismo?
As camadas de tecidos devem
deslizar umas sobre as outras, para que o movimento não fique comprometido,
para que a tendência protetora sobre a cicatriz não passe disso mesmo, e não se
transforme num emaranhado de tensões, aderências e fixações nesse ponto ou nas
estruturas adjacentes.
Quantos pacientes chegam com uma
dor na anca, no joelho, no fundo das costas, ou no ombro, na cervical, e
quantos, não coincidentemente, têm cicatrizes destas, impercetíveis e antigas?
Quantas vezes numa geografia anatómica aparentemente distante da região onde
têm a dor que os trouxe até à Fisioterapia?